Aluna da UNIASSELVI cria jogo que ensina Libras e braile para a educação bilíngue

29/09/2022 Inclusão
Miriam mostrando algumas das peças
Créditos | Arquivo Pessoal

Iniciativa surgiu a partir de uma série de lives realizadas no curso de Letras-Libras  

Educação e inclusão de mãos dadas. É desta forma que o Jogo da Mãozinha, criado por Miriam Cristina da Silva Amaral, 54 anos, ensina pessoas surdas, ouvintes e cegas a aprenderem a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e o braile. Segundo a acadêmica, que está no 7° semestre, no Polo UNIASSELVI Divinópolis (MG), a ideia surgiu a partir de um evento do curso de Letras-Libras, que ela está matriculada. 

A atividade lúdica tem como principal objetivo impulsionar o aprendizado do idioma português em diferentes linguagens. Para isso, Miriam elaborou mãos em 3D com as letras do alfabeto e alguns sinais específicos, como por exemplo, a configuração “I love you” (eu te amo) para a pontuação e acessórios, pois no dorso das mãozinhas ela colocou o abecedário em braile.  

A inspiração veio pelo fato dela ter dois cunhados cegos e no apoio e suporte prestado por Ana Clarisse Alencar Barbosa, coordenadora de curso, na UNIASSELVI: 

“Nossa, ela me incentivou muito, foi muito importante toda a atenção e ajuda que ela me deu. Hoje eu respiro Libras e braile, é a minha vida. Eu amo a minha graduação, amo de paixão! Além disso, foi com o apoio da coordenação que consegui ir ao Rio de Janeiro para patentear o jogo.” 

Cerca de 300 estudantes do ensino infantil, fundamental, médio e técnico - tradutores e intérpretes - já jogaram com as mãozinhas e conforme a graduanda conta, a disputa é emocionalmente:  

“A competição é acirrada! Os participantes ficam bem animados com a atividade. A mãozinha que corresponde ao “I love you”, por exemplo, também pode conter alguma pontuação gráfica, então o jogador além de fazer o sinal do eu te amo também indica qual tipo de pontuação gráfica há”.  

Ela salienta que o jogo é completo, com todas as letras do alfabeto e que os caracteres são as sinalizações mais usadas durante as partidas. O aluno Kauan Bernardo Santiago Jardim, 15 anos, surdo e que está no 9° ano do ensino fundamental, conta que adorou a brincadeira: 

“O jogo é muito importante e muito legal para a diversão, tanto para surdos como para ouvintes. Todos se divertem e incentiva o aprendizado da língua de sinais e a datilologia (comunicação através de sinais feitos com os dedos) que ajuda as pessoas a entenderem os sinais. Pois surdos e ouvintes precisam aprender Libras e esse jogo estimula isso com diversão, brincadeira e dá muito prazer”.  

Quem também interagiu com as peças das mãozinhas foi Carlos Roberto Bento da Silva, sociólogo, cego e presidente da Associação dos Deficientes do Oeste de Minas Gerais (ADEFOM). Segundo ele, a ideia está aprovada: 

“Esse projeto pedagógico ajuda muito com a inclusão, principalmente paras as crianças com deficiência e sem, pois, elas poderão aprender Libras e braile ao mesmo tempo. E as salas de aulas terão condições de receber as crianças com conhecimento para acompanhar as professoras, ou seja, esse material acelera de maneira lúdica a educação de qualidade”. 

Como funciona a dinâmica 

Um narrador tira uma mãozinha da caixa e mostra ela, o primeiro participante que levantar a mão, precisa sinalizar ou falar que sinal é aquele e em seguida cita duas palavras com a inicial da letra daquela rodada. Por exemplo, saiu a letra A: é preciso indicar duas palavras que comecem com a letra sorteada.  

As regras são: 

  • No mínimo duas pessoas podem jogar; 

  • Cada jogador recebe uma cartela para marcar os pontos da rodada;  

  • Cada rodada vale 10 pontos; 

  • Ganha quem fizer 50 pontos primeiro. 

 

Contato com o MEC 

Em julho, ela teve uma reunião online com membros do Ministério da Educação (MEC), sobre uma possível aquisição do governo para usar a ferramenta em escolas bilíngues, institutos para cegos dentre outros. Para isso, a orientação foi de que ela fique atenta aos editais do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), que são voltados para aquisição e distribuição de materiais acessíveis - pelo governo – para os estudantes brasileiros. 

 

Por Redação UNIASSELVI 

 

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