Como as emoções afetam os órgãos físicos

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Diferentes sentimentos têm impactos significativos no corpo humano
“Toda ação tem uma reação”, essa famosa frase que se refere à terceira lei de Newton, metaforicamente, também pode ser aplicada aos sintomas que os órgãos do corpo humano sofrem em relação ao que sentimos e pensamos. A ciência e a medicina integrativa têm demonstrado que as emoções não apenas afetam o bem-estar psicológico, mas também influenciam diretamente a saúde física.
Essa relação tem sido alvo de estudos científicos e práticas milenares, como a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e a Ayurveda. De acordo com especialistas, sensações positivas, como alegria, gratidão e amor, têm efeitos benéficos sobre o corpo. Elas estimulam a liberação de hormônios como a serotonina e a ocitocina, que promovem o bem-estar, fortalecem o sistema imunológico e melhoram a função dos órgãos.
Por outro lado, as negativas, como estresse, raiva, tristeza e medo, podem desencadear uma série de respostas fisiológicas que afetam diretamente órgãos como o coração, fígado, pulmões e estômago.
De acordo com Liliani Carolini Thiesen, coordenadora do curso de Terapias Integrativas e Complementares da UNIASSELVI, o corpo é um reflexo direto das emoções vivenciadas no dia a dia, dependendo de como são gerenciadas:
“A saúde física está intimamente ligada à saúde emocional. Quando não lidamos adequadamente com nossas emoções, o corpo encontra formas de sinalizar que algo está fora de equilíbrio. Por isso, compreender essa conexão é essencial para prevenir doenças”.
Um exemplo clássico é o efeito do estresse crônico no coração. A ansiedade e o nervosismo, por meio da liberação constante de cortisol e adrenalina, podem causar riscos de hipertensão e problemas cardíacos. Assim como quando alguém está muito irritado, é comum sentir um desconforto na região abdominal ou até dores musculares, pois, segundo a Medicina Tradicional Chinesa, o fígado está diretamente ligado a essa resposta emocional.
Liliani explica que:
“Pessoas que estão constantemente sob pressão emocional costumam apresentar uma sobrecarga no sistema cardiovascular. Isso ocorre porque o corpo está em um estado contínuo de alerta”.
Ela destaca alguns sentimentos e seus reflexos de acordo com a Medicina Tradicional Chinesa:
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Cérebro e sistema nervoso: sentir gratidão ativa nas áreas do cérebro estão associadas à recompensa e à regulação emocional, como o córtex pré-frontal. Isso reduz os níveis de cortisol (hormônio do estresse) e promove a sensação de calma e equilíbrio. A prática regular da gratidão também está ligada à melhoria do sono e à redução da inflamação no corpo. Assim como a compaixão, que ativa áreas do cérebro relacionadas à empatia e ao altruísmo, promovendo a liberação de endorfinas.
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Coração: emoções intensas, como tensão e estresse crônico, estão ligadas ao aumento da pressão arterial e a riscos cardiovasculares. A raiva, em particular, pode levar a arritmias e inflamações. Já a alegria, o amor e o afeto estimulam a produção de endorfinas e dopamina, hormônios associados ao prazer e à redução do estresse. Isso promove a dilatação dos vasos sanguíneos, melhorando a circulação e reduzindo a pressão arterial. Além disso, fortalece o sistema imunológico e aumenta a resistência a doenças.
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Estômago: o estresse e a ansiedade são frequentemente relacionados a problemas gastrointestinais, como úlceras, síndrome do intestino irritável e indigestão.
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Fígado: na visão da MTC, a raiva e a frustração estão associadas ao fígado, podendo causar desequilíbrios como dores de cabeça, fadiga e problemas digestivos.
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Músculos e sistema imunológico: a empolgação e o entusiasmo aumentam a produção de serotonina e noradrenalina, neurotransmissores que elevam a energia e a disposição. Isso melhora a tensão permanente que os músculos têm quando estão em repouso e a resistência física, além de fortalecer o sistema imunológico, tornando o corpo mais resistente a infecções.
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Pulmões e o estomago: a tristeza e a melancolia podem afetar a capacidade respiratória, levando a sensações de aperto no peito e dificuldade para respirar. Já o sentimento de paz interior está conectado à redução do estresse e à ativação do sistema parassimpático, responsável pelo descanso. Esse processo melhora a função gastrointestinal, reduzindo problemas como indigestão e síndrome do intestino irritável. Além disso, a respiração se torna mais profunda e regular, beneficiando os pulmões e a oxigenação do corpo.
Como se manter em equilíbrio
As Terapias Integrativas e Complementares oferecem uma variedade de abordagens para manter as emoções em equilíbrio, promovendo saúde física, mental e espiritual. A combinação dessas práticas com hábitos saudáveis pode trazer benefícios significativos para a qualidade de vida.
Práticas como meditação, exercícios físicos e alimentação equilibrada são recomendadas para manter o equilíbrio emocional e, consequentemente, a saúde dos órgãos a longo prazo. A terapeuta lista algumas opções:
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Acupuntura: estimula pontos específicos do corpo para equilibrar a energia, aliviando tensões emocionais e físicas. Para isso, agulhas finas são inseridas em locais estratégicos para liberar bloqueios energéticos, promovendo o relaxamento.
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Aromaterapia: o uso de óleos essenciais para estimular o sistema límbico, responsável pelas emoções, promove relaxamento e bem-estar. Lavanda, jasmim e bergamota são aromas podem ser inalados ou aplicados na pele (diluídos) para aliviar o estresse e a ansiedade.
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Auriculoterapia: técnica da medicina tradicional chinesa baseada na ideia de que a orelha é um microssistema que reflete em todo o corpo. A prática faz uso de estímulos em pontos específicos da aurícula para promover bem-estar físico e emocional. Pode ser realizada com sementes de mostarda, esferas magnéticas ou agulhas, aplicadas por profissionais capacitados. Além disso, massagens suaves na orelha, com os dedos, já podem trazer benefícios, como redução do estresse e melhora da qualidade do sono, demonstrando como pequenos estímulos podem impactar positivamente o equilíbrio entre corpo e mente.
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Fitoterapia: a utilização de plantas medicinais como camomila, valeriana e erva-doce são comuns para aliviar sintomas de estresse, ansiedade e insônia. Por meio de chás e cápsulas essas ervas podem ser consumidas sob orientação adequada.
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Florais: as essências florais ajudam a equilibrar medo, ansiedade, tristeza e insegurança, por exemplo. As gotas são diluídas em água e ingeridas ao longo do dia, conforme recomendação profissional.
Liliani ressalta:
“O objetivo das terapias complementares é justamente promover a harmonia entre corpo, mente e emoções, ajudando o indivíduo a se conectar consigo mesmo e encontrar maneiras saudáveis de lidar com os desafios do dia a dia”.